Eu, que não me vejo mais,
estou nu e desbastado,
há agulhas tatuando
a carne de sombras cruas.
Eu, que não me sento nunca,
criei dos dias eviscerados
a terra que o sentir aduba,
há sangue ejaculando dos ipês.
Eu, que não me ouço nunca,
cantei sem voz e sem vontade
os intervalos entre as horas
morrendo saudades e agonia.
Eu, que deflorei minha alma,
ergui espadas, roubei sonhos,
tingi minhas frágeis fibras
com repetidas tintas de coragem
a terra que o sentir aduba,
há sangue ejaculando dos ipês.
Eu, que não me ouço nunca,
cantei sem voz e sem vontade
os intervalos entre as horas
morrendo saudades e agonia.
Eu, que deflorei minha alma,
ergui espadas, roubei sonhos,
tingi minhas frágeis fibras
com repetidas tintas de coragem
que pincelei e hoje estão jogadas
Borradas sem importância.
Eu, que imaginei o sempre,
me atirei de enormes pontes
entre penhascos escondidos,
esculpidos no sono das eras.
Agora, que nada sinto afora,
tateio o oco do mistério,
e trago à luz a mão suja
de barro, de bosta, de vida.
me atirei de enormes pontes
entre penhascos escondidos,
esculpidos no sono das eras.
Agora, que nada sinto afora,
tateio o oco do mistério,
e trago à luz a mão suja
de barro, de bosta, de vida.
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